26 de abr. de 2010

Perto Coração

"...Olho por essa janela e única a verdade, a única verdade é que vivo. Sinceramente, eu vivo. Quem sou? Bem, isso já é demais. Lembro-me de um estudo cromático de Bach e perco a inteligência. Ele é frio e duro como gelo, no entanto pode-se dormir sobre ele. Perco a consciência, mas não importa, encontro a maior serenidade na alucinação. É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer, porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo..."

{Clarice Lispector - Perto do Coração Selvagem}

onde achar

Pergunto-te onde se acha a minha vida.
Em que dia fui eu. Que hora existiu formada
de uma verdade minha bem possuída

Vão-se as minhas perguntas aos depósitos do nada.

E a quem é que pergunto? Em quem penso, iludida
por esperanças hereditárias? E de cada
pergunta minha vai nascendo a sombra imensa
que envolve a posição dos olhos de quem pensa.

Já não sei mais a diferença
de ti, de mim, da coisa perguntada,
do silêncio da coisa irrespondida.

Cecília Meireles

26 de mar. de 2010

cenário que é a vida!

E, de repente…
enjoei do personagem,
não gostei do figurino,
cansei do cenário,
impliquei com a performance
e detestei o texto…
Então,
abandonei o palco
e o deixei ali,
ator doado em cena.
Dei a mão pra outro
e fui viver,
finalmente,
um amor de cinema.

Marla de Queiroz

18 de mar. de 2010

Almas.

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma. '

Fernando Pessoa.

17 de mar. de 2010

Alice?!

"Por fim, a Lagarta tirou o narguilé da boca, e dirigiu-se à menina com uma voz lânguida, sonolenta.
'Quem é você?', perguntou a Lagarta. Não era uma maneira encorajadora de iniciar uma conversa. Alice retrucou, bastante timidamente: 'Eu - eu não sei muito bem, Senhora, no presente momento - pelo menos eu sei quem eu era quando levantei esta manhã, mas acho que tenho mudado muitas vezes desde então'. 'O que você quer dizer com isso?', perguntou a Lagarta severamente. 'Explique-se!'. 'Eu não posso explicar-me, eu receio, Senhora', respondeu Alice, 'porque eu não sou eu mesma, entende?'."

16 de mar. de 2010

Proteja-de (Dueto)

PROTEJA-ME!I


Proteja-me , do vento, da chuva
do silencio dos dias tristes,
das saudades
proteja-me contra o mundo....
Contra a ira, a inveja e as maldades...

Proteja- -me das guerras
internas e externas...
Onde meu coração
sofre por dias , meses ,
anos intensos
a imensidão do desatino
dessa paixão.

Proteja-me das chuvas frias....
Abençoai o sol que aquece meu coração
que o mantém vivo através
do seu amor,
do seu calor...
E de toda essa emoção.

Proteja-me dos meus pensamentos
dos meus medos e ansiedades...
que não me deixam mais crer em ti.
Em sua bondade..., em sua piedade.
Proteja-me senhor,pois cresci...

Já não sou mais aquela menina que em tudo buscava a ti...
Hoje sou mulher madura,
mas com alma
de adolescente, que tudo teme,
então senhor, proteja-me com seus braços fortes...
os braços fortes do amor.



PROTEJA!II



Proteja-me das dores
das que se sente no amor,
daquelas que tanto mal fazem
que mata o coração nos estertores
deixando um amargo sabor
e tantas ilusões desfazem...

Proteja-me da solidão,
do momento das descobertas
e de tantos vazios
quando percebemos um coração,
tantas feridas abertas
e lagrimas que encheriam um rio;

Peço proteção de mim
que eu me ame novamente
que possa usar minha sensatez
pois, sou exatamente assim
e, quando tento esquecer inutilmente
descubro que te amo mais uma vez



Texto de Arneyde e Lara

12 de mar. de 2010

samba de um minuto...

Devagar
Esquece o tempo lá de fora
Devagar
Esqueça a rima que for cara.

Escute o que vou lhe dizer
Um minuto de sua atenção
Com minha dor não se brinca
Já disse que não
Com minha dor não se brinca
Já disse que não.

Devagar, devagar com o andor
Teu santo é de barro e a fonte secou
Já não tens tanta verdade pra dizer
Nem tão pouco mais maldade pra fazer.

E se a dor é de saudade
E a saudade é de matar
Em meu peito a novidade
Vai enfim me libertar.

Devagar...